Uma lágrima...
Uma lágrima escura e vermelha,
Transpassa meus olhos como se de uma espada se tratasse.
Olho a minha face pálida,
Quase ofuscante, no espelho, à espera de um sorriso...
Nada...
Apenas vejo o reflexo de uma alma perdida num lago de um azul gasto...
Espera...
Talvez seja um rio,
Um rio cuja corrente é mais forte do que eu,
Me puxe para o seu canto mais obscuro e...
Espera...
Talvez seja um mar...
Um mar sem algas,
Um mar sem vida,
Um mar cujo sentimento não seja nítido...
Ou pelo menos a olhos nus.
Espera...
Talvez não seja um mar, mas sim um oceano.
Um oceano onde, flutuando por cima de cada onda, se vejam rosas,
Rosas murchas,
Rosas tristes,
Tanto ou mais tristes do que eu...
Outra lágrima vermelha escorre na minha face.
Guerra...
É tudo o que nela faz sentido.
Homens cujo sofrimento seja tanto ou maior que o meu.
Meus olhos olham os deles.
E nisto, consigo ver toda a sua pobreza de alma!
Outra lágrima vermelha escorre na minha face. Solidão...
É tudo o que nela faz sentido.
Pessoas...
Pessoas cujos porquês sejam tantos ou mais que os meus. Pessoas à espera de um abraço, um beijo molhado...
E então perguntam-se por que "nós" não as aceitamos como seres.
Outra lágrima vermelha escorre na minha face.
Pobreza...
É tudo o que nela faz sentido.
Esfaimados...
Esfaimados cuja esperança seja tanta ou menos que a minha.
Esfaimados descalços
Sem terra e sem lar,
Sem amor e sem carinho
Apenas à espera de um pedaço de pão
Para satisfazerem o seu único e precioso desejo.
Outra lágrima vermelha escorre na minha face.
Morte...
É tudo o que nela faz sentido.
Anjos...
Anjos que sonham tanto ou mais que eu,
E, quem sabe, talvez eternamente.
Outra lágrima escorre na minha face,
Mas desta vez clara e profunda.
Espera...
Porque choro eu ?
( orientação: Profª Helena Afonso)
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