A caneta preta
Tenho uma caneta
Que escreve sozinha
E com uma letra
Que não é a minha.
Que escreve sozinha
E com uma letra
Que não é a minha.
É grande e certinha
E a letra da caneta
É fina e desalinha).
Ensinei-a a escrever
E agora só escreve
Aquilo que quer
E não o que deve.
E agora só escreve
Aquilo que quer
E não o que deve.
Preciso de fazer
Contas e problemas
Mas ela só quer
Escrever poemas.
[…]
Manuel António Pina, A
Casa do Silêncio
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