Há muito que tento dizer,
E o que sinto vou escrever.
O mar é a minha paixão,
Que ocupa o meu coração.
Meu sonho era ser marinheiro,
Navegar e conhecer coisas novas,
Mas para meus pais,
Essa era a maior de todas as provas.
Penetrando na escuridão,
Saí de casa sem avisar.
Correndo pelas ruas da solidão,
No Angus poderia sonhar.
Para sul viajei,
E o meu destino encontrei.
Nas maravilhas de Portugal,
Com Hoyle me deparei.
Seus olhos ternos e generosos,
Foram de encontro aos meus.
E com um gesto amável,
Acolheu-me como um filho seu.
A felicidade tomou conta da minha alma,
Meu sonho estava cada vez mais perto,
Mas ao lembrar-me de casa,
Escrevi uma carta, de coração aberto
Os meses passaram,
E a resposta não aparecia.
O tempo que passava,
Mais me desiludia.
Frustrado me senti com a resposta que vi.
Meu pai me culpava,
E eu não o julgara.
Porém, o tempo passou,
O mundo eu conheci.
Os novos sabores, culturas e mares eu
descobri,
Mas a saudade continuou.
21 anos tinha eu,
Quando Hoyle adoeceu.
Grande tristeza chegou,
No dia em que ele faleceu.
O
capitão que eu era,
O
herói que sonhava ser,
Estava
agora parado,
Dominado
pelo dever.
Todas
as cartas que mandava,
Tinham
sempre a mesma aspereza.
Todas
elas cheias de desilusão,
Todas
elas cheias de tristeza.
A
angústia dominava-me,
E
a morte da minha mãe atormentava-me.
Agora
as cartas que enviava,
Pareciam
que não chegavam a sua casa.
Meu
pai partiu, e velho estou a ficar,
A
Vig já não voltarei,
Não
serei um herói lembrado,
Resta-me
descansar em paz,
À
proa de um navio naufragado.
Poema inspirado no conto “Saga”, de Sophia
de Mello Breyner Andresen, que foi estudado nas aulas de Português.
Bárbara Elisa
Peixoto
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